sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

"desculpe, papai"

Ele queria que fôssemos assim. Perdi o sono pensando nisso. Tinha prometido que nunca mais faria uma viagem tão longa de ônibus. Mas eu queria vê-lo!
Da última vez, passei as horas finais da viagem com uma sensação de "eu vou morrer se continuar assim" horrível. É horrível. Faça uma viagem de 12h dentro de um busão que você vai ver. Horrível, horrível! Não consigo explicar. A única vez em que senti algo pior foi quando, certo dia, tive uma queda brusca na minha pressão arterial, de modo que fiquei cega e surda, sentindo um enorme buraco e que milhares de coisas andavam rapidamente pelo meu corpo. Naquele dia, não pensei que ia morrer. Pensei que já tinha ido para o inferno, sem escala.
Então eu liguei pra ele. Eu podia ter pedido para minha mãe falar, afinal, ela não concordava que eu fosse também, mas eu quis me responsabilizar, na hora. Talvez tenha sido um acesso de burrice. Ele ficou tão chateado! Disse que viaja por horas, todos os dias (ele não disse, mas para nos sustentar). Eu, claro, não tenho nada com as escolhas que ele fez na vida. Mas nada vai fazer com que eu me sinta melhor com isso. Queria pedir desculpas. Mas não tenho coragem.
Continuei sem dormir.

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