Enquanto um número considerável de estadistas, líderes
políticos e revolucionários do século XX, homens que provocaram guerras ou
causaram massacres terríveis, morreram de causas naturais; Gandhi, um dos
maiores pacifistas desse século, pai da independência da Índia, aquele que tudo
fez ao longo da sua prodigiosa atividade para banir a violência da vida
política, terminou por dessas ironias da vida assassinado a tiros em Nova Délhi
em 1948.
O Momento Final
"Eu sei que hoje em dia irrito todo mundo. Como posso acreditar que somente eu tenho razão e que todos os outros estão errados? (...) devem dizer-me francamente que eu sou velho e que não sirvo a ninguém e que não devo me intrometer no seu caminho. Se me falarem assim abertamente eu não serei mais o estorvo do mundo.” Mohandras K. Gandhi, janeiro de 1948.
Enrolado no khaddar, a manta branca indiana que lhe encobria
o seu físico enrugado e descarnado - amparado em duas das suas jovens parentes,
"minhas muletas", como costumava dizer -, Gandhi aproximou-se da
multidão. Esperavam-no nos jardins da Birla House em Nova Délhi, no entardecer
do dia 30 de janeiro de 1948. Sempre que chegava a uma cidade ele abrigava-se
nos casebres dos harijan, os intocáveis, para que seu exemplo atenuasse o
preconceito que os párias sofriam na complicada sociedade de castas indiana.
Desta vez o grande homem abrira uma exceção. Na sua estada em Nova Délhi, a
última da sua vida, decidiu hospedar-se na residência de um ricaço.
Os Tiros
Mal o avistaram, cercaram-no. Vinham de longe para ver o Mahatma, "a grande alma", o homem santo que os havia libertado de dois séculos de domínio britânico. Em meio ao tumulto respeitoso, num repente, espocaram três tiros. Gandhi encolheu-se no chão, baleado por uma mão que empunhara uma Beretta. As suas roupas, tecidas por ele mesmo na sua roca de fiar, mancharam-se de sangue. Os gritos da multidão comovida e indignada misturaram-se aos seus fracos e derradeiros gemidos. O apóstolo da satyagraha, a não-violência, fora executado a bala.
Mal o avistaram, cercaram-no. Vinham de longe para ver o Mahatma, "a grande alma", o homem santo que os havia libertado de dois séculos de domínio britânico. Em meio ao tumulto respeitoso, num repente, espocaram três tiros. Gandhi encolheu-se no chão, baleado por uma mão que empunhara uma Beretta. As suas roupas, tecidas por ele mesmo na sua roca de fiar, mancharam-se de sangue. Os gritos da multidão comovida e indignada misturaram-se aos seus fracos e derradeiros gemidos. O apóstolo da satyagraha, a não-violência, fora executado a bala.
O Atentado como Protesto
“Gandhi alardeava de que a Partição [da Índia] só ocorreria sobre o seu cadáver. Assim quando ele não morreu depois da Partição, nós o matamos.” (Gopal Godse, irmão do assassino de Gandhi)
Detiveram o pistoleiro. Chamava-se Nathuram Godse, um
ativista da RSS (Rashtriya Swayamsevak Sangh), uma organização da
extrema-direita nacionalista do estado de Maharastra, que vira no atentado um
protesto contra a secessão do subcontinente entre hindus e muçulmanos,
referendada pelo Mahatma. O pistoleiro, um ex-alfaiate, fora o braço armado de
uma conspiração de certa dimensão. Dias depois um imenso cortejo, regado pelas
lágrimas do país inteiro, acompanhou pelas avenidas de Nova Délhi, a capital da
Índia independente, o corpo de Gandhi, o Ram. O homem ideal do épico Ramayana,
até a enorme pira funerária que ergueram para incinerá-lo. Mataram-no aos 79
anos de idade.
Artigo encontrado em: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/index_artigos.htm
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